Cenário da UTI:
- a doença crítica altera profundamente o metabolismo dos pacientes, determinando um elevado estado catabólico desde a fase inicial da internação na UTI
- Assim, o risco de evoluir para a desnutrição é elevado, especialmente se não for fornecida uma terapia nutricional artificial adequada (1).
Desafio:
- contudo, estamos longe de ter disponível uma prescrição nutricional única capaz de “encaixar” tudo em um ambiente de UTI (3).
- a a nutrição artificial pode conferir benefícios ao pacientes, mas também pode ser prejudicial se não for administrado de forma adequada e oportuna.
- Ensaios clínicos que iniciaram precocemente a nutrição plena, a fim de reduzir o o catabolismo não proporcionou benefícios clínicos.
- Na verdade, um excesso de calorias e proteínas precoce em pacientes de UTI menos graves pode aumentar as taxas de mortalidade (2).
•
A
quantidade de proteínas desempenha um papel fundamental durante a fase inicial
da doença aguda em pacientes gravemente enfermos: grandes ensaios randomizados
não demonstraram nenhuma vantagem na mortalidade em comparação com menor teor
nutricional de proteína (3).
•
Além
disso, evidências sugerem que uma alta carga proteica administrada muito cedo
pode prejudicar a autofagia, um mecanismo protetor que remove células
danificadas (4).
• A via pela qual a nutrição artificial é fornecida é outro ponto importante.
• A Nutrição parenteral precoce (NP) foi revisitada após o estudo EPANIC, no qual os pacientes que receberam tardiamente (após 7 dias da admissão na UTI) NP tiveram recuperação mais rápida, menos complicações e indiretamente produziu menores custos relacionados à saúde.
Entretanto, quando for necessário iniciar NP, por exemplo, quando a via enteral for contraindicada, alguns conselhos devem ser considerados para reduzir possíveis complicações, como infecções da corrente sanguínea e trombose (Zaccone et al; Ko et al.).
• Ambos
os métodos não previnem complicações, como diarreia ou constipação [(7), Qu et
al.].
• Um
aspecto importante a considerar ao iniciar a nutrição após um estado de jejum
prolongado é a síndrome de realimentação.
• Baixos
níveis de fosfato são a principal característica desta complicação, mas outros
distúrbios eletrolíticos devem ser considerados.
• A sepse é uma condição grave em que
distúrbios profundos no metabolismo são frequentemente observados. Evidências
apontaram que vitamina C mais hidrocortisona e tiamina reduziram a mortalidade
em pacientes sépticos (8).
• No entanto, Liang et al. em sua
meta-análise não confirmam esse aspecto, sugerindo novos estudos que
investiguem esse tópico importante.
• Guan et al. em um estudo
retrospectivo incluindo mais de 19.000 pacientes, descobriram que a
suplementação de vitamina D em pacientes de UTI reduziu o risco de sepse e nova
ventilação mecânica, mas não a mortalidade aos 28 dias.
• Com base em diversas evidências,
uma nutrição ideal está longe de ser uma prática real.
No
entanto, avancaremos em direção a informações precisas e personalizadas,
provavelmente utilizando nos próximos anos modelos de inteligência artificial.
• Além disso, a continuidade dos cuidados, do hospital as unidades de reabilitação e, finalmente, em ambiente domiciliar, devem ser eficazes na redução da incidência de desnutrição com seus efeitos negativos a longo prazo após uma doença crítica [(9); Diamanti et al.].
Fontes:
1. Preiser JC, Ichai C, Orban JC, Groeneveld AB. Metabolic response to the stress of critical illness. Br J Anaesth 2014;113:945–54.
2. Pardo E, Lescot T, Preiser JC, Massanet P, Pons A, Jaber S, et al. Association between early nutrition support and 28-day mortality in critically ill patients: the FRANS prospective nutrition cohort study. Crit Care 2023;27:7.
3. Deana C, Vecchiarelli P, Picetti E and Molfino A. Editorial: Intermittent feeding in critically ill patients. Front Nutr 2023; 10:1295405
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