sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Mas o que é mesmo uma Dieta Saudável?
Dieta Saudável é aquela que nos faz sentir bem, aquela que nos alimenta e que promove saúde.

Contudo, precisamos lembrar que os instintos alimentares estão entorpecidos em muitas pessoas. Isso faz com que se procure alimentos excessivamente doces, salgados e condimentados. Para se manter ativos e teoricamente “bem” as pessoas abusam desses alimentos que sabemos não são ideais. 

É preciso, portanto, educar para uma dieta prudente que tenha um pouco de tudo, mas sem exageros. E que respeite as tolerâncias individuais já que “nem tudo convém a todos e nem todos se comprazem com tudo”.


Finalmente, após abordamos a qualidade e a adequada quantidade a ser ingerida, precisamos nos lembrar do “como comer”. Afinal, precisamos pensar na construção de uma relação positiva para com o alimento, comendo com prazer, com alegria, sem pressa, sem culpa, mastigando bem, saboreando cada bocado, de forma que a saciedade chega mais cedo e podemos comer aquilo que realmente nos sustentará. 

Fonte Bibliográfica: Barbosa, CL: Mastigação, um poderoso aliado da Dietoterapia. 1ª ed. Itu-SP: Ottoni, 2009.

Comendo Certo e Errado:





ARTIGO DE REVISÃO
ACUPUNTURA MÉDICA – MECANISMOS DE AÇÃO E EFICÁCIA
_______________________________________________________
Claudio de Lima Barbosa1
 1 Especialista em Nutrologia e Acupuntura pela AMB (Associação Médica Brasileira) e CFM (Conselho Federal de Medicina).

I) Introdução:
Marcos Históricos da Acupuntura Médica no Brasil
A Acupuntura foi considerada Ato Médico em 1992, e se tornou Especialidade Médica em 11 de agosto de 1995. Para tanto, o Conselho Federal de Medicina – CFM solicitou comprovações científicas dos mecanismos de ação da Acupuntura, além de evidências da eficácia clínica de seus procedimentos, quesitos amplamente fornecidos pelas entidades representativas à época. A vasta literatura mundial sobre o assunto foi atestada pelo CFM, tendo sido cumpridos todos os itens exigidos de forma clara para que fossem alcançados os objetivos.
Em 1998 a Associação Médica Brasileira – AMB incluiu a Acupuntura dentre as demais especialidades médicas de seu quadro. Naquela ocasião foram fundadas federadas e representações na maioria dos estados da União e iniciados cursos de especialização em Acupuntura para médicos e Residência Médica de norte a sul do país.
Em 1999 foi realizado o primeiro TEAc (Prova de Título de Especialista em Acupuntura) encomendada ao Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura – CMBA pela AMB, hoje em sua 10º Edição. O CMBA conta atualmente com cerca de 8.000 médicos associados, sendo mais de 2.500 titulados.
O autor deste artigo fez parte da primeira turma de médicos aprovados na prova de Título de Especialista em Acupuntura pela AMB/CFM realizada em Sao Paulo-SP em 1.999.




A equipe coordenada por especialistas da neurofisiologia, da medicina do sono, e do Setor de Medicina Chinesa e Acupuntura da Unifesp (Universid. Fed. de São Paulo) decidiu verificar se dez aplicações de acupuntura ao longo de três meses produziriam algum benefício real em humanos com apnéia do sono. Constatou-se melhora real entre aqueles tratados com aplicações de agulha nos pontos corretos: metade deixou de apresentar interrupções na respiração, enquanto houve uma redução de 80% nos episódios da outra metade.
Sleep medicine 2007; 8(1):43-50 in: A química da acupuntura. Edição Impressa 113 - Julho 2005. Disponível em: http://revistapesquisa2.fapesp.br/?art=2867&bd=1&pg=2&lg=. Acessado em 21/01/2013 às 23:49h.

Em outro experimento, o grupo da Unifesp comparou, em ratos, os efeitos da acupuntura no combate à úlcera gástrica usando outra técnica da medicina oriental chamada moxabustão. O moxabustão atua sobre as fibras nervosas que conduzem os estímulos de forma mais lenta, enquanto as agulhas agem sobre as fibras de condução rápida. Os dados indicam que ambas as técnicas auxiliam o combate à úlcera gástrica. Antes das aplicações de acupuntura ou de moxabustão, os pesquisadores deram aos animais uma dose de indometacina, um antiinflamatório que induz à formação de lesões no estômago. O número de lesões no estômago foi quatro vezes menor que o apresentado pelos ratos que não receberam tratamento e fizeram parte do grupo de controle. Nos ratos que passaram por aplicações em pontos fictícios, o número de lesões foi metade do apresentado pelo grupo de controle.                                                                                                                                                                                     Digestive diseases and sciences 2005;50(2):366-74.
Um trabalho posterior procurou, então, entender por que a moxa reduz o surgimento de lesões quando usada na temperatura correta (60°C). A resposta surgiu quando se verificou que, em ratos, a moxa acelera os movimentos do estômago. O aumento no ritmo desses movimentos expulsa a indometacina mais rapidamente e evita as lesões. Nesse mesmo estudo observou-se que a aplicação de agulhas nas patas dos animais produzia efeito semelhante ao da moxa.                                                                                                                      Physiology & Behavior 2004;82(5):855-61.
Recentes estudos e revisões sistemáticas mostraram claramente que a acupuntura é mais benéfica do que os tratamentos convencionais para muitas condições álgicas e as evidências científicas tem alargado o nosso conhecimento dos mecanismos da acupuntura em um grande números de condições patológicas.
Medical Acupuncture. March 2012; 24(1):10-14.
III) Eficácia
1) Dor Crônica e no ombro - Uma reanálise de estudos randomizados por métodos de estatística mais apropriados como a covariância (Método ANOVA) permitiu perceber resultados positivos para a acupuntura em relação ao placebo diferentemente do que foi anteriormente relatado. A reanálise de um estudo de acupuntura versus placebo para dor no ombro reforçou a evidência da eficácia da acupuntura. A reanálise de quatro ensaios que compararam a acupuntura x acupuntura placebo e massagem para dor cervical reverteu os resultados do documento original: a acupuntura é eficaz e sua eficácia não poderia ser atribuída a um efeito placebo.                           
The Clinical Journal of Pain. 2004;20(5):319-23.

Uma revisão de 31 estudos, envolvendo cerca de 4.000 pacientes com dor de cabeça crônica mostrou que o tratamento com acupuntura traz melhores resultados do que medicamentos na redução da intensidade e da freqüência das crises.                                                                                                                       Anesthesia & Analgesia 2008;107(6): 2038-2047.

A Acupuntura é vantajosa principalmente porque há um uso abusivo de analgésicos, segundo Elder Machado Sarmento, responsável pelo departamento científico de cefaléia da Academia Brasil. de Neurologia e vice-presidente da Assoc. Latino-Americana de Cefaléia. "Além de efeitos como agredir a mucosa gástrica, por exemplo, o abuso de analgésicos acaba piorando o quadro da dor."
Para Carlos Eduardo Altieri, neurologista do Núcleo de Tratamento da Dor do Hosp. Sírio-Libanês, em São Paulo, já está bem comprovada a eficácia da técnica para tratamento de dor de cabeça crônica que tenha um componente muscular importante, causado pela sobrecarga em determinados grupos musculares, como nos do pescoço ou dos ombros. "Nesses casos, que são muito freqüentes, usar a acupuntura como adjuvante traz resultados muito melhores. Há diferentes tipos de cefaléia, e não é em todos que acupuntura apresenta a mesma eficácia. Na enxaqueca pura, sem gatilho muscular, o paciente responde menos, ou responde mal de fato, à acupuntura."

A Diretriz AMB/CFM para “Cefaleias em Adultos na Atenção Primária à Saúde: Diagnóstico e Tratamento”, publicada em 2008 pela Socied. Brasil. de Medic. da Família e Comunidade, Assoc. Brasil. de Medic. Física e Reabilitação e pela Academia Brasil. de Neurologia atesta que a acupuntura pode ser usada como abordagem para a profilaxia da enxaqueca para pacientes que aceitam esta opção terapêutica, havendo um conjunto de evidências de que há melhora na frequência e na intensidade das crises (Nível de Evidência A).                  
Pinto MEB et al. Diretriz AMB/CFM 2009; 6:1-14.

2) Dor Lombar Baixa – A Diretriz AMB/CFM “Tratamento da Dor Regional por Acupuntura: Lombalgia e Cervicalgia” foi publicada em 2009 pelo Colégio Brasil. de Acupuntura: Em revisão sistemática, com total de 2861 pacientes adultos, com idade superior a 18 anos, com dor lombar baixa aguda ou crônica, avaliou-se o impacto na intensidade da dor, melhora dos sintomas, função e retorno ao trabalho. Para dor lombar baixa crônica, a acupuntura resultou em alívio significativamente maior da dor, e maiores índices de melhora funcional, comparando com nenhum tratamento, em prazo curto. Comparando com acupuntura falsa ou placebo, a redução da dor foi significativa no mesmo prazo de seguimento, mas não foi diferente quanto ao aspecto funcional. Os efeitos não se mantiveram no prazo longo. Também foram obtidas evidências de que acupuntura associada com outros tratamentos promove aumento adicional da redução da dor e da melhora funcional. Os efeitos da acupuntura isoladamente na redução da dor, com relação ao placebo e com relação a nenhum tratamento foram: acupuntura 32%, placebo 23%, nenhum tratamento 6% (A). Em outra revisão incluindo pacientes com qualquer tipo de dor lombar baixa, o uso de acupuntura com agulhas foi avaliado quanto ao alívio da dor em prazo curto (<6 semanas) e em prazo longo (>6 semanas), demonstrando que a acupuntura foi significativamente mais eficaz para reduzir a dor lombar baixa crônica do que nenhum tratamento ou tratamento falso/placebo no prazo curto (até seis semanas) (A). Em 241 pacientes com idades entre 18 e 65 anos, com dor lombar baixa inespecífica de 4 a 52 semanas de duração, comparou-se a acupuntura ao tratamento convencional (combinação de fisioterapia, medicação e exercícios), e aos 12 e aos 24 meses houve melhora clínica significativa no grupo de acupuntura. Não relataram melhora na função ou incapacidade, mas mostraram que o uso da acupuntura é custo-eficiente para a redução da dor num período de 24 meses (A). Recomendação: Há evidência consistente da eficácia da acupuntura para dor lombar crônica em prazo curto (até três meses depois do tratamento), e de que os efeitos benéficos se mantêm por prazo maior do que um ano. Ficou também definido que o efeito da acupuntura é maior em associação com outros tratamentos, e as evidências sugerem superioridade do método com relação aos tratamentos usuais. Também há evidência de que a acupuntura proporciona grandes chances de melhorar a condição funcional. Os custos relacionados com a inclusão do método são vantajosos. A Diretriz recomenda ainda que o uso da acupuntura demonstrou-se eficaz no tratamento da cervicalgia crônica: melhora a cervicalgia crônica, e os benefícios se mantêm por pelo menos até seis meses.
Carneiro NM. Diretriz AMB/CFM 2009; 6:4-6.

A Diretriz AMB/ANS “Gestação e Analgesia” publicada pela Feder. Brasil. das Assoc de Ginecologia e Obstetrícia em 2011 enfatiza que “estudos clínicos demonstram que a acupuntura é modalidade efetiva de tratamento em diversas condições de dor, incluindo algias lombares e pélvicas, muito frequentes no período gestacional. O alívio da dor acontece pela liberação de substâncias analgésicas e anti-inflamatórias causadas pela inserção das agulhas na pele. Para otimizar o processo de analgesia, pode-se utilizar estímulos elétricos que proporcionam resultados mais rápidos no alívio da dor (Nível de Evidência A e B). Avaliando-se gestantes por intermédio de escala visual analógica (VAS) para dor, submetidas a acupuntura e fisioterapia, com o objetivo primário de diminuição de dores lombares e pélvica, observa-se que efeitos benéficos proporcionados pela acupuntura são significativamente superiores quando comparados à fisioterapia (média de valores da VAS são menores após acupuntura tanto na parte da manhã, quanto no período noturno, declinando de 3,4 para 0,9 com p<0,01 e 7,4 para 1,7 com p<0,01, respectivamente) (B). Além disso, a acupuntura tem-se demonstrado também um eficiente mecanismo de controle da dor durante o trabalho de parto (A). Avaliando-se parturientes submetidas à acupuntura durante o trabalho de parto, observa-se redução significativa na necessidade de analgesia, quando comparadas àquelas submetidas apenas a analgesia epidural (12% versus 22% ,respectivamente, com RR=0,52 e IC95%: 0,30 a 0,92) (B)”.                                      
Figueiró-Filho EA et al. Gestação e Analgesia. Diretriz AMB/ANS 2011; 7:12.

3) Cervicalgia – A Diretriz AMB/CFM “Cervicalgia: Tratamento na Atenção Primária à Saúde” de 2009 defende que o uso de acupuntura tem se mostrado efetivo em situações de cervicalgia crônica (A) (D); estudo randomizado demonstra que em 1 ano (redução de 36% em relação ao controle – p< 0,02) e 3 anos (redução de 33% em relação ao controle – p< 0,04) de seguimento há diferença significativa nos pacientes tratados com acupuntura (A). Nessa diretriz há o relato de que Fisioterapia, mobilização, analgesia com ultrassom, TENS (transcutaneous electrical nervo stimulation – estimulação elétrica do nervo por meio da pele), corrente interferencial, massagens e manipulação têm evidência muito fraca de melhora (A) (B). Tratamentos de fisioterapia, com manipulação, massagens e analgesia prolongada (por meses ou anos) são apenas discretamente superiores que procedimentos curtos (até 10 sessões) (A). A Diretriz recomenda que, no primeiro atendimento, sem história de trauma, sem lesão neurológica ao exame clínico deve-se prescrever analgésico, ou anti-inflamatório não-hormonal e relaxante muscular. Não solicitar exames, orientar retorno para 7 a 10 dias. Ao retorno, se sintomas persistirem, solicitar radiografia simples e manter esquema analgésico. Se radiografia normal e sintomas persistirem, encaminhar para fisioterapia e ou acupuntura.               
Wagner H et al. Diretriz AMB/CFM 2009; 12:1-7.
4) Neuropatia Diabética – A Diretriz AMB/CFM, de autoria das Socied. Brasil. de Endocrinologia e Metabologia, de Cirurgia da Mão, de Reumatologia e de Acupuntura, publicada em 2005 preconiza que nesta patologia a Acupuntura é “outro tratamento seguro que parece ser eficaz. Um ensaio clínico não controlado mostrou que a acupuntura aliviou significativamente os sintomas em 77% dos casos e reduziu ou eliminou doses usuais dos medicamentos analgésicos em 67% deles, após 18-52 semanas de seguimento” (B).
Moreira RO, Leite NM, Cavalcanti F, Oliveira FJD. Diabetes Mellitus: Neuropatia. Diretriz AMB/CFM 2005; 2:5-67. Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/4_volume/09-Diabetesm.pdf. Acessado em 26/02/2013 às 22:06h.

5) Fibromialgia - A Diretriz AMB/CFM “Fibromialgia” publicado pela Sociedade Brasileira de Reumatologia relata que estudos mais recentes demonstram que um grupo de pacientes pode melhorar da dor com a eletroacupuntura. Portanto, para algumas situações, a acupuntura pode ser um tratamento alternativo e aceitável (C), demonstrando melhora importante dos sintomas.                                                                                   Provenza JR et al. Diretriz AMB/CFM 2004.

6) Síndrome da Fadiga Crônica (SFC) - Metaanálise publicada em 2009 demonstrou que a Acupuntura é uma terapêutica eficaz para a SFC, já que foi superior ao grupo-controle (P<0,01).                  
Zhen Ci Yan Jiu. 2009;34(6):421-8.

7) Osteortrite articular - Revisão sistemática publicada na Cochrane em 2010 mostrou que os ensaios controlados de Acupuntura para osteoartrite articular sugerem benefícios estatisticamente significativos e clinicamente relevantes, muito maior do que pode ser devido ao efeito placebo.                                
Cochrane Database Syst Rev. 2010 20;(1):CD001977.

8) Osteoartrose de joelho -  revisão sistemática de estudos randomizados e controlados, publicada em 2012, mostrou que a Acupuntura oferece alívio significativamente maior da dor da osteoartrose do joelho e uma grande melhoria na função quando comparada a tratamento convencional ou a Sham acupuntura (pontos agulhados aleatoriamente).                                                                                                                                                                                                                                                                   Saudi Med J. 2012;33(5):526-32.
9) Insônia - Revisão sistemática concluiu que a Acupuntura auricular parece produzir melhores taxas de recuperação e de melhoria da insônia do que o controle, indicando, contudo a necessidade de mais estudos para se avaliar seu efeito a longo.                                                                                                   
Journal of Altern and Complem Medic 2007;13(6):669-676.
10) Dismenorréia - Revisão sistemática da Cochrane publicada em 2011 mostrou resultados favoráveis do uso da Acupuntura na dor menstrual mostrando uma melhora no alívio da dor com a acupuntura em relação ao placebo (OR 9.5, 95% CI 21.17 to 51.8), NSAIDs (SMD -0.70, 95% CI -1.08 to -0.32). Em 2 trials a acupuntura reduziu os sintomas pré-menstruais (por exemplo náusea e dor lombar) comparado com medicação (OR 3.25, 95% CI 1.53 to 6.86).
Cochrane Database Syst Rev. 2011;19(1):CD007854.
 11) Constipação - Metaanálise de 2012 concluiu que a Acupuntura é eficaz para tratar a constipação, tendo certa vantagem quando comparada com o tratamento medicamentoso de rotina.                     
Zhongguo Zhen Jiu. 2012;32(1):92-6.

12) Cessação do fumo - Metaanálise publicada em 2012: acupuntura pode ajudar na interrupção do hábito de fumar.                                           
      Am J Med. 2012;125(6):576-84.
13) Disfunção da ATM - Metaanálise e Revisão Sistemática de estudos randomizados e controlados: acupuntura é um tratamento coadjuvante razoável para pacientes com disfunção da ATM por produzir efeito analgésico de curta duração.                                                                                                                                                                                                                              Clinical Journal of Pain. 2010;26(6):541-550.
14) Dores agudas severas por HZ - Estudo controlado e randomizado demonstrou evidências do papel relevante da acupuntura no tratamento das dores agudas herpéticas.                                 
BMC Complem and Altern Medic. 2011;11:46.
15) Depressão Pós-Parto  - Acupuntura de curta duração (8 semanas, 12 sessões) é melhor que Sham ou massagem terapêutica em mulheres portadoras de depressão pós-parto, levando à diminuição da gravidade dos sintomas e com número necessário para tratar (NNT) = 4,0 com IC 95%2,2-19,8 (A). Recomendação: Entre os tratamentos não-farmacológicos para mulheres com depressão pós-parto há benefício na utilização da acupuntura de curta duração (8 semanas, 12 sessões), que leva à redução da gravidade dos sintomas e beneficia uma em cada 4 puérperas tratadas (A).
Hetem LA et al. Depressão Unipolar: Tratamento Não-Farmacológico. Diretriz AMB/CFM 2011; 10:15-16.                                Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/diretrizes11/depressao_unipolar.pdf
COMENDO COM PRAZER
Dr. Claudio Barbosa
CRM 27.104
Médico Nutrólogo do Santa Genoveva
Complexo Hospitalar-Uberlândia (MG)
Mestrado pela Fac de Medicina de São Jose do Rio Preto-SP

O Problema: a obesidade aumenta vertiginosamente na população, em decorrência de um estilo de vida “obesogênico”. Obesogênico porque hoje se come em qualquer ocasião, porções cada vez mais calóricas, e a correria tira o tempo para os exercícios. Atualmente, se come mesmo em ocasiões onde a tristeza inibiria naturalmente a fome, como em velórios! A economia moderna tem na gastronomia um dos seus pilares, e o apelo para seu consumo é forte na população.

A mastigação: preocupados com suas obrigações, contas a pagar e afazeres, as pessoas se lembram de tudo, menos de comer com prazer, calma, moderação e alegria. Isso seria possível se nos preparássemos para tanto, isto é, se houvesse a clara determinação do paciente em treinar este ato de comer mais tranquilamente. E preciso treinar repetitidamente, até que este ato se torne automático, involuntário e seja incorporado como hábito. Assim, comerá mais lentamente e, consequentemente, comerá menos sem se dar conta e sem que isso se pareça um sacrifício enorme. Está comprovado que mastigar lentamente e demorar um pouco mais o tempo da refeição produz saciedade precoce – diminui a fome.


O dilema medicamentoso: existem diretrizes claras sobre como deve ser tratada a obesidade. Os resultados mais promissores são aqueles em que se associam a dieta, os exercícios físicos, a medicação e o tratamento cognitivo-comportamental. Observe que é o conjunto das coisas que garante o sucesso. Por isso, dizemos que, muitas vezes, não basta a academia, o prato de comida ou mesmo o remédio isoladamente para se obter sucesso nessa doença crônica, devastadora e de difícil controle que é a obesidade.
Faz-se necessário, cada vez mais, a mudança no estilo de vida como algo imprescindível nessa guerra contra a obesidade. Disso se trata a abordagem cognitivo-comportamental que pode ser feita pelo médico nutrólogo, pelo nutricionista, psicólogo e educador físico. A Mastigação insere-se neste contexto.

Fonte Bibliográfica: Barbosa, CL: Mastigação, um poderoso aliado da Dietoterapia. 1ª ed. Itu-SP: Ottoni, 2009.

Estudo valida a importância da Mastigação no Controle do Peso
Dr. Claudio Barbosa
Médico nutrólogo do Santa Genoveva
Complexo Hospitalar-Uberlândia=MG
O Fletcherismo revisitado
Publicado no mês de fevereiro de 2011, na conceituada revista médica Appetite, um estudo procurou avaliar o impacto da mastigação no controle da ingesta alimentar e, por conseguinte, no controle do peso.
Este estudo avaliou a tese de Horace Fletcher (1849-1919) cuja doutrina consistia em mastigar cada garfada exaustivamente de forma a se evitar o ganho de peso.
Nesse estudo, procurou-se testar essa hipótese através da monitorização do comportamento mastigatório, utilizando a eletromiografia.
Comparando 35 com 10 mastigações por bocado, demonstrou-se que mastigar mais reduziu a ingestão alimentar, apesar de aumentar a velocidade da mastigação. Notou-se também ter havido uma favorável duplicação da duração da refeição capaz de atingir um ponto de referência para o sentimento subjetivo de ‘confortavelmente cheio`.
Os pesquisadores concluíram que embora esse estudo possa ser limitado por uma reduzida dimensão da amostra, os resultados preliminares confirmam a doutrina de Fletcher, e fornece uma base para novas pesquisas nesta área [1].
A Saga de Horace Fletcher
Horace Fletcher foi um vendedor americano, que por volta dos seus 40 anos, encontrava-se inapto ao trabalho e praticamente senil. [2] Seu pedido de seguro de vida tinha sido preterido. Vários tratamentos médicos haviam falhado. Então, seguindo um conselho de um amigo que gozava particularmente de uma boa saúde, começou a mastigar e insalivar sua comida tão completamente que ela estava quase liqüefeita ao atingir o estômago. Para alcançar isso ele mastigava cerca de 2.500 vezes por refeição.

Gradualmente seu esôfago passou a recusar aquilo que não fora bem mastigado e insalivado (melhoraram seu reflexo de deglutição e de engasgo) e se sentia saciado com menos comida (seu reflexo da saciedade melhorou). Esta satisfação também durou mais tempo. O seu desejo por alimentos ricos em proteína, apimentados, doces, álcool, café e chá diminuíram e ele passou a preferir uma variedade de alimentos simples e naturais (sua seletividade aprimorou-se). Seus amigos preocupados ficaram alarmados com sua perda de peso e disseram a Fletcher que ele não parecia bem. Ele, porém se orgulhava disso.
Após 5 meses de disciplinada mastigação, suas queixas haviam desaparecido e sua sensação de bem-estar estava o tempo todo elevada. Ele quebrou records de força e resistência quando tinha 50, até mesmo 60 anos de idade, e isso com uma dieta de 1600 calorias, ao invés das 3400 cal/dia recomendadas oficialmente naquela época.
Testes realizados por vários cientistas e nutrólogos mostraram que seu metabolismo estava bem equilibrado e que ele tinha bom tônus e resistência muscular. 
Fletcher foi examinado pelos Prof. Foster e Gowland-Hopkins da Universidade de Cambridge, pelos prof. Pickering-Bowditsch e Chittenden da Universidade de Yale e pelo prof. Fisher dentre outros [3].
Como os resultados de Fletcher não podem ser esperados em todo e qualquer caso, não podemos objetivamente recomendar este regime. Na verdade, a simples mastigação e insalivação dos alimentos de forma apropriada pode aliviar o sistema digestivo e, portanto, traz uma melhoria fundamental na saúde global [2].
Um estudo de 2008 do Journal of Gastroenterology and Hepatology procurou demonstrar a relação entre a mastigação e as doenças gastrintestinais. O estudo concluiu que há uma elevada incidência de queixas digestivas nos pacientes com déficits dentais e que a melhora destes sintomas após a recuperação mandibular suporta o fato de que falhas mastigatórias podem levar ao surgimento de sintomas digestivos [4].
Comer rápido pode engordar. Um estudo realizado com 3.287 pacientes no Japão e publicado no British Medical Journal mostrou bem isto. Este estudo seccional cruzado analisou o impacto de se comer rápido e de se saciar completamente na gênese da obesidade. Pôde-se perceber claramente que “comer até sentir-se plenamente satisfeito e comer rápido está associado com sobrepeso em homens e mulheres japonesas, e este comportamento alimentar pode ter um impacto substancial no desenvolvimento da obesidade”. Quase metade dos voluntários disse que tinha a tendência a comer rapidamente. Comparados com quem não comia rapidamente, os homens com este hábito tinham 84% mais chances de estarem acima do peso e as mulheres tinham duas vezes mais chances. Além disso, aqueles que, além de comerem rapidamente tinham a tendência de comer até se sentirem “cheios”, tinham mais do que o triplo de risco de estarem acima do peso. A maneira como comemos está cada vez mais sendo vista como uma área-chave em pesquisas sobre obesidade, especialmente desde a publicação de estudos destacando a existência de uma variante genética ligada à “sensação de estar cheio”. Um estudo publicado recentemente no Journal of Psychopharmacology concluiu que um remédio usado contra a obesidade funcionava ao desacelerar o ritmo no qual pacientes obesos comiam [5].

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
[1] Smita HJ, Kemsleyb EK, Tapp HS and Henry CJK. Does prolonged chewing reduce food intake? Fletcherism revisited. doi:10.1016/j.appet.2011.02.003. 
[2] Rauch, E. Die Darmreinigung nach Dr. med. FX Mayr. Heidelberg: Haug, 2001.
[3] Fletcher, H. How I Became Young at 60. Edmund Demme Verlag, Leipzig 1924.
[4] Poitras, PMP: Gastrointestinal symptoms and masticatory dysfunction. Journal of Gastroenterology and Hepatology. v. 7, pp. 61–65, 1992.
[5] Barbosa, CL: Mastigação, um poderoso aliado da Dietoterapia. 1ª ed. Itu-SP: Ottoni, 2009.
                                                                                                                          
 Importância do contato médico paciente
Prezado paciente, você que está fazendo acompanhamento conosco, nos deu a honra de nos dedicarmos na atenção a sua saúde.
Gostaria de pontuar alguns conceitos importantes, baseadas em revisões sistemáticas e diretrizes atuais sobre o tratamento do excesso de peso:

1) Contato médico paciente
“A manutenção do peso perdido é facilitada pela provisão de contato prolongado entre profissional e paciente, bem como pelo uso de medicações para a perda de peso”.
“O tratamento comportamental combinado com contato pós-tratamento com o terapeuta favorece maior perda de peso a longo prazo do que apenas o tratamento comportamental após 18 meses, reforçando que a perda de peso é facilitada pela continuidade do contato paciente-terapeuta a longo prazo.”
“Os programas de terapia comportamental com contatos semanais e feedback individualizado pela internet propiciam perda de peso após seis meses do que aqueles que apenas oferecem links educacionais na web”.
RESUMINDO: não hesite em nos contactar sobre dúvidas, dificuldades ou mesmo recaídas, “furos” na dieta.

2) Obesidade – doença crônica
O entendimento sobre as causas e evolução da obesidade mudaram nos últimos anos. Entendemos se tratar de doença crônica e, como tal, precisa ser tratada sempre. Na doença crônica, suspendendo o tratamento, os sintomas retornam.

3) Controle das recaídas
“O paciente precisa ser preparado para lidar com as recaídas, com os “furos na dieta”, pois elas inexoravelmente vão ocorrer. O importante é recomeçar e não desistir nunca” “No manejo do estresse, por si só presente na maioria dos pacientes que lutam contra a obesidade, precisamos rever os progressos alcançados a cada consulta e parabenizar o paciente pelo sucesso (não criticar recaídas).”

Fontes Bibliográficas:
  • Barbosa, CL. Mastigação, Um poderoso aliado da Dietoterapia. Ottoni. Itu-SP, 2009.
  • Brito CLS, Bystronski DP, Mombach KD, Stenzel LM, Repetto G: Obesidade: Terapia Cognitivo-Comportamental. Projeto Diretrizes. Associação Médica            Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, 2005.