quinta-feira, 31 de julho de 2025

Ação da Acupuntura na Enxaqueca

Introdução:

A enxaqueca é um distúrbio neurológico incapacitante que impõe um fardo significativo tanto aos indivíduos quanto à sociedade [1]. 

É caracterizada principalmente por dores de cabeça unilaterais, latejantes e pulsáteis, moderadas a intensas, e pode também ser acompanhada por sintomas não relacionados à cefaleia, como náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia. 

Embora os mecanismos que desencadeiam as crises de enxaqueca não sejam totalmente compreendidos, acredita-se que a enxaqueca envolva a ativação e a sensibilização do sistema trigeminovascular, tronco encefálico, diencéfalo e regiões corticais.

Tratamentos não farmacológicos (como acupuntura, neuromodulação não invasiva ou invasiva, tratamentos mente-corpo e tratamentos comportamentais) estão ganhando cada vez mais atenção devido à sua ausência de efeitos colaterais e sustentabilidade.

A Acupuntura médica tem demonstrado vantagens significativas no tratamento de enxaquecas (2-4). Estudos anteriores demonstraram que a acupuntura pode reduzir efetivamente a frequência e a gravidade das crises de enxaqueca, modulando a função neurovascular, aliviando as respostas inflamatórias e equilibrando os níveis de neurotransmissores.

Além disso, a acupuntura tem poucos efeitos colaterais e demonstrou benefícios a longo prazo em alguns pacientes, permitindo que obtenham alívio preventivo dos sintomas sem depender de medicamentos.

A segurança e a eficácia daAacupuntura a tornam uma importante opção de tratamento para pacientes com enxaqueca. No entanto, os mecanismos pelos quais a acupuntura alivia as enxaquecas permanecem em grande parte desconhecidos.

Nos últimos anos, a teconologia dos exames de neuroimagem avançou rapidamente, oferecendo uma ferramenta poderosa para o estudo da enxaqueca de forma não invasiva.

Por exemplo, a ressonância magnética funcional (RMf) pode capturar alterações funcionais no cérebro de pacientes com enxaqueca, aprimorando nossa compreensão da fisiopatologia da enxaqueca. A ultrassonografia Doppler transcraniana (DTC) pode examinar de forma não invasiva e econômica a velocidade do fluxo sanguíneo da artéria basilar e as características da hemodinâmica cerebral. 

A imagem por tensor de difusão (ITD) é uma técnica avançada de ressonância magnética usada para fornecer informações qualitativas e quantitativas sobre a microestrutura da substância branca. A espectroscopia por ressonância magnética (ERM) é usada para avaliar os níveis de neurotransmissores específicos e estudar alterações nos metabólitos cerebrais.

A tomografia por emissão de pósitrons com fluorodesoxiglicose/tomografia computadora (FDG-PET/TC) exibe principalmente o metabolismo da glicose em diferentes regiões cerebrais de pacientes com enxaqueca.

Foi publicado em 2025 um estudo de revisão sistemática de 32 estudos abordando os mecanismos de neuroimagem subjacentes ao tratamento com acupuntura para enxaquecas.

Desenho dos Estudos:

A duração dos tratamentos de acupuntura variou significativamente entre os estudos, variando de 60 s (1 min) a 12 semanas. 

O tempo de retenção da agulha nos estudos incluídos variou de 60 s (1 min) a 45 min, sendo 30 min a duração mais frequentemente relatada. 

Ao resumir a seleção de pontos de acupuntura para cada estudo, os cinco pontos de acupuntura mais utilizados foram resumidos como VB20 (Fengchi), 5TA (Waiguan), VB34 (Yanglingquan), VB8 (Shuaigu) e F3 (Taichong). 

 


Potenciais mecanismos neurais subjacentes ao alívio imediato da enxaqueca com acupuntura: 

A acupuntura no meridiano Shaoyang induziu maiores alterações metabólicas em regiões cerebrais relacionadas à dor, incluindo o córtex orbitofrontal, ínsula, para-hipocampo e hipocampo. 

Figura 1. Alterações primárias em regiões e redes cerebrais induzidas pela Acupuntura imediata. PCUN, pré-cúneo; MFG, giro frontal médio; PoG, giro pós-central; PHG, giro para-hipocampal; MCC, córtex cingulado médio; INS, ínsula; SFG, giro frontal superior; PreCG, giro pré-central; ACC, córtex cingulado anterior; SMG; giro supramarginal.

Quatro estudos exploraram alterações de neuroimagem induzidas pela acupuntura no ponto VB41 (Zulinqi). Um estudo demonstrou aumento da FC em regiões relacionadas à dor, incluindo o giro central, giro para-hipocampal, giro cingulado e giro supramarginal após a estimulação do VB41. 


Além disso, dois estudos estimularam o VB8, com um deles revelando reversão imediata da FC entre as sub-regiões do hipocampo direito e o lobo parietal, sugerindo modulação de funções cognitivas superiores e percepção da dor.

Estudos de imagem sobre a eficácia preventiva do tratamento com acupuntura para enxaqueca

Figura 2 - As principais alterações em regiões e redes cerebrais induzidas pela Acupuntura preventiva. ACC, córtex cingulado anterior; PCUN, pré-cúneo; MFG, giro frontal médio; IPL, lóbulo parietal inferior; STG, giro temporal superior; THA, tálamo; INS, ínsula; SFG, giro frontal superior; MTG, giro temporal médio; PCG, giro cingulado posterior.


Cinco estudos de TCD demonstraram os efeitos moduladores da Acupuntura na função cerebrovascular em pacientes com enxaqueca. Especificamente, três estudos direcionados aos pontos do meridiano Shaoyang demonstraram melhora na velocidade do fluxo sanguíneo cerebral após o tratamento, caracterizada pela redução da velocidade sistólica de pico na artéria cerebral média (ACM), artéria cerebral posterior (ACP), artéria vertebral (AV) e artéria basilar (AB), com diferenças significativas na ACP, artéria vertebral direita (AVD) e AB em comparação ao grupo sem acupuntura. 

Três estudos de ERM revelaram aumento na razão NAA/Cr (N-acetilaspartato/creatina) no tálamo bilateral e na substância cinzenta periaquedutal (SCP) após o tratamento com acupuntura. Além disso, dois estudos do DTI demonstraram que a acupuntura melhorou a integridade da substância branca em pacientes com enxaqueca, particularmente no trato corticoespinhal direito, no fascículo longitudinal superior direito, no giro central esquerdo e joelho, e no corpo caloso.

Com base em estudos de fMRI, diversos estudos de neuroimagem demonstraram modulação significativa da atividade cerebral após o tratamento com a Acupuntura. Especificamente, aumentos nos valores de ALFF e ReHo foram observados em regiões cerebrais importantes associadas ao processamento da dor (como o tálamo, giro cingulado anterior e ínsula), à regulação emocional da dor (como o pré-cúneo e o cerebelo), à avaliação cognitiva da dor (como o MFG e o giro angular) e ao sistema modulador descendente da dor [DPMS] (como o tronco encefálico, incluindo a medula ventromedial rostral/complexo trigêminocervical). Por outro lado, valores reduzidos de ALFF e ReHo foram encontrados em regiões como o pré-cúneo, giro cingulado posterior, hipocampo e giro frontal inferior. 

Notavelmente, três estudos se concentraram em pacientes do sexo feminino com enxaqueca. Entre eles, um estudo recente, utilizando fMRI dependente do nível de oxigênio sanguíneo em repouso, constatou que os valores de ALFF e DC diminuíram em pacientes jovens do sexo feminino com MWoA não menstrual após o tratamento com Acupuntura. Outro estudo com pacientes com enxaqueca menstrual revelou que o CF entre o pré-cúneo e o giro frontal médio, bem como entre o pré-cúneo e o núcleo caudado, aumentou significativamente após a Acupuntura em pontos de Acupuntura específicos, em comparação com o período anterior ao tratamento.

Conclusão:

Esta revisão sistemática revela que as regiões cerebrais envolvidas no tratamento com acupuntura para enxaqueca incluem o DMN,CEN, SN e DPMS, que estão relacionados à sensação de dor, emoção e modulação. Pesquisas futuras podem priorizar estudos de neuroimagem multimodal meticulosamente projetados e de alta qualidade para elucidar ainda mais as evidências de neuroimagem para a acupuntura no tratamento da enxaqueca sob diferentes aspectos.

Fontes:

1. Tong D et al. Acupuncture for migraine: a literature review of neuroimaging studies. Front. Neurol 2025;16:1601554.

2. Zhao L et al. The long-term effect of acupuncture for migraine prophylaxis: a randomized clinical trial. JAMA Intern Med 2017;177:508–15. 

2. Liang Y, Zhou J, Du J, Shao X, Fang J. Prospects for the development of acupuncture analgesia from an international perspective. World J Acupunct-Moxibustion 2023;33:6–8. 

3. Sun M et al. Trigger points and sensitized acupoints: same book, different covers? Acupunct Herb Med 2021;1:74–80.


quarta-feira, 30 de julho de 2025

Geração Prateada - Episódio 09 - Dr. Claudio Barbosa

Entrevista ao PodCast do Orlei-Geração Prateada: 
Dieta na Melhor Idade



Fonte: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ImgwTjL2MAk. Acessado em 30/07/2025 as 08:38 h

sábado, 12 de julho de 2025

Azeite - benefícios para saude humana

Os benefícios do azeite de oliva para a saúde são amplamente conhecidos e amplamente documentados; suas vantagens são amplas, abrangendo diversas áreas da saúde humana. Dados clínicos e experimentais indicam que uma Dieta Mediterrânea (MedDiet) com Azeite de Oliva Extra Virgem (EVOO) reduz o risco de doenças associadas ao estresse oxidativo, inflamação crônica e imunidade enfraquecida, incluindo câncer e doenças cardiovasculares (DCV). 

A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) confirma que os polifenóis do azeite de oliva ajudam a proteger os lipídios sanguíneos contra danos oxidativos; portanto, o EVOO, crucial na MedDiet, pode ser um componente alimentar funcional. 

Os azeites de oliva devem conter pelo menos 5 mg de Hidroxitirosol (HYTY) e seus derivados (oleuropeína e Tirosol (TY)) por 20 g para se qualificarem para a alegação de saúde aprovada pela EFSA. Para fornecer um resumo dos resultados de estudos clínicos, esta revisão sistemática avaliou o impacto do consumo de azeite de oliva extra virgem (VOO) no risco cardiovascular e na prevenção de doenças.



Introdução:

A Olea Europaea L., comumente chamada de oliveira selvagem, é originária da região mediterrânea e é considerada a espécie arbórea ancestral. 
Foram identificados os diferentes impactos potenciais na saúde humana de vários subtipos de azeite de oliva, como azeite de oliva extra virgem (AOEV), azeite de oliva virgem (AOV), azeite de oliva refinado (AOR) e óleo de bagaço de oliva
As biomoléculas contidas no extrato de Olea Europaea L. são classificadas em saponificáveis ( triglicerídeos e ácidos graxos) com uma proporção de mais de 98–99%, e insaponificáveis (hidrocarbonetos, alifáticos, álcoois perfumados, tocoferóis, aldeídos, vitaminas lipossolúveis, fenóis, compostos normais inseguros, ácidos triterpênicos, esteróis, etc.) caracterizando uma pequena porcentagem
Vários fatores impactam a composição desta classificação menor, incluindo a área de cultivo, a variedade da azeitona, o clima, a disponibilidade do produto, métodos de processamento, tipo de tratamento e necessidades de capacidade, distinguindo-se os AOEV de demais azeites de oliva de qualidade inferior. 
A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) validou uma sugestão de saúde para polifenóis presentes no azeite de oliva. De acordo com uma alegação de bem-estar, fundada em evidências lógicas validadas dez anos antes, a EFSA certificou em maio de 2012 que “os polifenóis no azeite de oliva contribuem para a segurança dos lipídios do sangue contra o estresse oxidativo”, e o AOEV, o componente lipídico essencial da Dieta Mediterrânea (MedDiet), podendo ser considerado alimento funcional.
Os compostos fenólicos que caracterizam o azeite de oliva virgem são álcoois fenólicos, incluindo o Hidroxitirosol (HYTY) e o Tirosol (TY), e seus derivados Secoiridoides. A alegação de saúde aprovada pela EFSA é apenas para azeites de oliva com um mínimo de 5 mg de HYTY e seus derivados (oleuropeína e TY) por 20 g. Consequentemente, o azeite extravirgem de oliva extravirgem é caracterizado por um teor mínimo de 250 mg de polifenóis/kg de azeite, conforme definido pelos critérios da norma. Os polifenóis definitivos mencionados pela EFSA são HYTY, TY e outros polifenóis complexos de alta massa molecular dos quais HYTY e TY (formas relacionadas a HYTY e TY) podem ser derivados, conhecidos como secoiridoides. 
As vantagens do azeite de oliva para a saúde foram amplamente reconhecidas e amplamente documentadas. Evidências clínicas, epidemiológicas e experimentais mostram que a dieta mediterrânea, incluindo o azeite de oliva extravirgem, reduz o risco de doenças relacionadas ao estresse oxidativo, inflamação crônica e problemas do sistema imunológico, como câncer, aterosclerose e doenças cardiovasculares (DCV), ajuda a melhorar doenças hepáticas crônicas, como a Doença Hepática Esteatótica Associada à Disfunção Metabólica (MASLD) e a fibrose hepática, reduzindo a probabilidade de câncer de fígado.
Além disso, influencia vários fatores associados ao risco cardiovascular, como perfil de lipoproteínas, Pressão Arterial (PA), metabolismo da glicose e perfil antitrombótico, promovendo a função endotelial.

Figura 2. Efeitos benéficos da dieta mediterrânea em pacientes com doença arterial coronariana, síndrome metabólica, diabetes, pré-diabetes e hipertensão. A dieta mediterrânea, caracterizada por uma alta ingestão de azeite de oliva extravirgem, teve o efeito benéfico mais significativo na saúde cardiovascular. Especificamente, foram observadas melhorias na vasodilatação mediada pelo fluxo e aumento na disponibilidade de óxido nítrico, o que contribui para a redução do risco de eventos cardiovasculares. Além disso, níveis reduzidos de proteína C-reativa e interleucina-6, juntamente com concentrações aumentadas de tromboxano B2, foram evidentes, indicando um efeito anti-inflamatório notável. Em relação à proteção contra o estresse oxidativo, constatou-se que a dieta mediterrânea reduziu significativamente o LDL oxidado, enquanto aumentou o HDL e a capacidade antioxidante total. Finalmente, a dieta mediterrânea demonstrou potenciais efeitos anti-hipertensivos, como evidenciado por reduções na pressão arterial sistólica e no índice tornozelo-braço. As setas indicam diminuição (↓) e aumento (↑), respectivamente.     

Azeite Extra virgem: 
Um estudo demonstrou que a substituição do azeite de oliva convencional, predominantemente refinado, por azeite de oliva extravirgem rico em fenol resulta em um efeito redutor do colesterol independente do teor de ácidos graxos. Isso sugere que os compostos ativos do azeite de oliva extravirgem têm um impacto benéfico na saúde cardiovascular, além do perfil lipídico básico.
Outra pesquisa realizada com indivíduos com alto risco cardiovascular fornece suporte adicional para essa alegação. Uma menor incidência de eventos cardiovasculares graves foi demonstrada entre aqueles que seguem uma dieta mediterrânea enriquecida com azeite extravirgem (AOE) ou frutas secas, em comparação com indivíduos que seguem uma dieta com baixo teor de gordura.
Uma distinção marcante é evidente na correlação do azeite extravirgem com outras gorduras alimentares, como no caso da manteiga. A saturação e a fração insaponificável desses dois lipídios são diferentes, mas o azeite extravirgem, rico em polifenóis e outros componentes menores, é benéfico à saúde, especialmente por melhorar os parâmetros cardiometabólicos.
A melhoria da qualidade e eficácia do AOEV é significativamente impactada pelos avanços tecnológicos. O aprimoramento das técnicas de extração, a garantia de práticas de produção sustentáveis e a segurança e autenticidade dos produtos de AOEV são perspectivas promissoras para futuras investigações.

Fonte: 

Ussia S et al. Exploring the Benefits of Extra Virgin Olive Oil on Cardiovascular Health Enhancement and Disease Prevention: A Systematic Review. Nutrients 2025; 17(11):1843.

terça-feira, 8 de julho de 2025

Exercicios e o Coração

SABEMOS BEM:

A alta carga da inatividade física é responsável por um alto risco de doenças crônicas não transmissíveis evitáveis, incluindo doenças cardiovasculares, câncer e morte prematura. 


MÉTODOS PARA AVALIAR A AF

Em 1953, Morris et al. 5 relataram uma das primeiras descobertas sobre a relação entre os níveis de AF habitual e as DCV.

Os autores investigaram o risco de doença coronariana em funcionários do London Transport Executive com base em suas funções específicas e encontraram um risco ≈50% menor em motoristas de ônibus que passavam o tempo andando pelo ônibus cobrando as passagens, em comparação com motoristas que eram majoritariamente sedentários. Estudos subsequentes sobre a exposição ocupacional à AF confirmaram e expandiram o trabalho de Morris et al. 

No entanto, avaliar a AF inteiramente por ocupação pressupõe uniformidade da AF dentro de uma ocupação e não leva em conta a variação individual com base na duração e intensidade do trabalho. 

Para fornecer uma visão mais holística dos níveis e tipos de AF ao longo de dias e semanas, avaliações baseadas em questionários foram introduzidas a partir da década de 1970 em grandes estudos comunitários, incluindo a Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição (NHANES), o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco Comportamentais e o Estudo Cardíaco de Framingham, entre outros. Esses questionários tradicionalmente quantificam a AF estimando os equivalentes metabólicos da tarefa (METs) para todas as atividades em que um indivíduo se envolve e multiplicando-os pelo tempo gasto realizando essas atividades para calcular os METs totais ao longo do tempo.

Um MET é equivalente ao gasto energético (captação de oxigênio) em repouso, até 3 METs são considerados de intensidade leve (por exemplo, caminhar a uma cadência lenta de < 2 milhas por hora [mph] ou realizar tarefas domésticas leves), de 3 a 5,9 METs são considerados de intensidade moderada (por exemplo, caminhar a uma cadência de 2,5 a 4 mph ou realizar tarefas domésticas moderadas, como varrer folhas) e ≥ 6 METs são considerados de intensidade vigorosa (por exemplo, correr ou remover neve com pá).

Ao avaliar todas as formas de AF que um indivíduo pratica, bem como o tempo gasto inativo, avaliações baseadas em questionários podem facilitar a investigação dos distintos papéis da AF e do tempo sedentário e permitir o estudo de diferentes formas e padrões de AF, como treinamento de força versus exercício aeróbico e exposição ocupacional à AF versus exercício dedicado.

Quais as doses e intensidade ótimas de Atividade Física?

Em todos os níveis e tipos de intensidade de AF, observa-se um risco reduzido de doenças cárdiovasculares (DCV) e morte com o aumento dos níveis de atividade.

No entanto, a relação entre AF e mortalidade é curvilínea, com um ponto de inflexão observado em torno de 500 a 1000 MET-minutos por semana (equivalente a 150 minutos de AF Moderada a Vigorosa ou 75 minutos de AF vigorosa).

Embora o benefício continue a aumentar até 3 a 5 vezes esse valor, alguns estudos sugerem que existe um platô além desse ponto, após o qual o benefício adicional em mortalidade e DCV pode não ser aparente.

No entanto, é importante observar que não há efeito de limiar inferior para a AF. De fato, nos níveis mais baixos de AF basal, espera-se que um aumento na AF tenha o maior impacto incremental no risco futuro de DCV. Por exemplo, mesmo pequenas diferenças no número de passos dados por dia estão relacionadas a grandes diferenças na mortalidade por todas as causas (por exemplo, 4.000 versus 2.000 passos/dia estão associados a uma redução de quase 50% no risco de mortalidade).

Embora a maioria das pesquisas tenha historicamente enfatizado exercícios de resistência ou aeróbicos, trabalhos recentes incluíram atividades que melhoram a força, a saúde óssea e o equilíbrio.

O volume geral de AF é o fator mais importante na promoção da saúde cardiovascular, mas pode haver benefício adicional na realização de exercícios de maior intensidade, quando possível.

Alternativamente, indivíduos que participam de competições de atletismo e eventos de resistência podem habitualmente realizar uma quantidade de exercício muito além da necessária para a saúde cardiovascular. 

Dados sugerem que lesão miocárdica e fibrose, aumento das taxas de arritmia (especialmente fibrilação atrial) e aterosclerose acelerada podem ocorrer em alguns indivíduos expostos a quantidades extremas de treinamento de exercício, e implicações cardiovasculares específicas provavelmente variam de acordo com o esporte e a modalidade de treinamento.

Qual é o Padrão Ideal de AF?

Como administrar a dose semanal de exercício de forma ideal? 

Embora as diretrizes anteriores enfatizassem a realização de séries de exercícios de pelo menos 10 minutos por vez, evidências recentes sugerem que séries mais curtas e intermitentes podem trazer benefícios semelhantes.

Uma questão adicional é se é ideal distribuir a AF uniformemente ao longo da semana, em vez de obter a maior parte dos exercícios em 1 ou 2 dias. 

Estudos geralmente constatam que indivíduos que atingem sua AF em um padrão de fim de semana intenso apresentam riscos semelhantes de DCV e mortalidade em comparação com indivíduos que obtêm quantidades semelhantes de AF distribuídas por ≥ 3 dias. No entanto, esses estudos geralmente se baseiam em avaliações por acelerometria de curto prazo (≈ 1 semana), e a estabilidade dos padrões de exercício em diferentes semanas, estações e anos não é bem compreendida. 

Além disso, esses estudos são observacionais por natureza e podem estar sujeitos a fatores de confusão não mensurados com base na disponibilidade de tempo livre e flexibilidade para realizar exercícios dedicados extensivos em 2 dias por semana, por exemplo. Como resultado, as abordagens ideais para atingir os níveis de AF recomendados provavelmente diferem entre os objetivos de saúde e os perfis de risco prévios, e estudos intervencionistas futuros são necessários para decifrar as prescrições específicas de exercícios para cada indivíduo. Por outro lado, os dados disponíveis sobre o padrão de guerreiro de fim de semana são consistentes com observações anteriores de que mais AF é benéfica e podem fornecer algumas evidências em apoio ao conceito de que esse benefício é acumulado independentemente de como a AF é distribuída ao longo da semana.

Influência do Treinamento Resistido

A maioria das pesquisas populacionais sobre o papel da AF na manutenção da saúde geral e cardiovascular tem se concentrado em exercícios aeróbicos ou nos METs cumulativos alcançados. 

Os dados disponíveis parecem sugerir que as atividades de fortalecimento muscular estão associadas a um menor risco (≈10%–17%) de mortalidade por todas as causas, DCV, câncer e diabetes. 

No entanto, esses dados observacionais também indicam uma potencial relação em forma de J com a redução máxima do risco observada em até 60 minutos/semana de treinamento de resistência e aumento do risco observado posteriormente para a maioria dos desfechos. 

A relevância clínica desses dados é limitada pelo desenho observacional e pode ser afetada por fatores de confusão não mensurados, visto que os mecanismos patobiológicos que ligam o treinamento de força >60 minutos a maior risco de DCV e mortalidade não são claros.

No entanto, o fato de que a força em adultos de meia-idade e idosos (conforme avaliada pelo teste de preensão manual) também pode apresentar uma relação em forma de U com a mortalidade por DCV confere plausibilidade ao conceito de que doses mais altas de treinamento de força podem não reduzir o risco de DCV, e isso justifica um estudo dedicado. Embora as explicações potenciais para a falta de proteção contra DCV do exercício de resistência em estudos epidemiológicos provavelmente variem de acordo com as características individuais e os programas de exercícios, alguns estudos sugeriram que o treinamento de resistência pode resultar em alterações adversas na rigidez arterial e na atividade simpática, o que pode anular parcialmente os efeitos benéficos. 

Portanto, o treinamento de força pode ser mais benéfico para aqueles com maior risco de baixa massa muscular, como indivíduos mais velhos. Um estudo com adultos com idade média de 43 anos do NHANES não mostrou associação significativa do treinamento de resistência com a mortalidade geral após ajuste para comorbidades e atividade física aeróbica, enquanto estudos com indivíduos com mais de 65 anos relataram um benefício na mortalidade. Da mesma forma, o treinamento de equilíbrio em adultos mais velhos demonstrou reduzir o risco de eventos cardiovasculares.

FONTE:

1. Michael YMi, Andrew SP, Vaishnavi K, Matthew N. Epidemiology and Cardiovascular Benefits of Physical Activity and Exercise. Circulation Research 2025;137:120–138.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Nova Caneta emagrecedora mensal ANTI OBESIDADE - 2025

A Cafraglutida de Maridebart (conhecida como MariTide) é um peptídeo-anticorpo de ação prolongada que combina o agonismo do receptor do peptídeo-1 semelhante ao glucagon e o antagonismo do receptor do polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose, indicado para o tratamento da obesidade.

Este é um nove medicamento em testes contra a obesidade. Foi realizado um estudo, em fase 2, com 592 participantes, duplo cego, randomizado e placebo controlado.

Observou-se que a administração mensal da Cafraglutida resultou em redução substancial do peso em participantes com obesidade, com ou sem diabetes tipo 2.



FonteJastreboff AM et al. Once-Monthly Maridebart Cafraglutide for the Treatment of Obesity — A Phase 2 Trial. N Eng J Med 2025. DOI: 10.1056/NEJMoa2504214.



sábado, 7 de junho de 2025

Desconcertantes imagens captadas pelo telescópio James Webb trazem Deus de volta a cena

INTRODUÇÃO:

"Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; 
Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?
Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste".

Salmo 8

O século XX e início do XXI assistiram a um crescimento do ateísmo, especialmente entre os jovens [1].

Líderes religiosos atribuíram essa tendência a muitos fatores: jovens criados fora da igreja, desconhecimento da liturgia e da cultura da igreja e até mesmo o efeito da  pandemia pela COVID-19.

Talvez surpreendentemente, estudos mostraram que a mensagem percebida da ciência desempenhou um papel fundamental na perda da fé. Constatou-se que as teorias científicas sobre a evolução descontrolada da vida levaram, em particular, mais pessoas a rejeitar a crença em Deus do que as preocupações com sofrimento, doença ou morte. Também mostrou que 65% dos autodenominados ateus e 43% dos agnósticos acreditam que "as descobertas da ciência [geralmente] tornam a existência de Deus menos provável".

É fácil entender por que essa percepção se proliferou. Nos últimos anos, muitos cientistas emergiram como porta-vozes famosos do ateísmo. Richard Dawkins, Lawrence Krauss, Bill Nye, Michael Shermer, o falecido Stephen Hawking e outros publicaram livros populares argumentando que a ciência torna a crença em Deus desnecessária ou implausível. "O universo que observamos tem precisamente as propriedades que deveríamos esperar se, no fundo, não houver propósito, nenhum projeto... nada além de indiferença cega e implacável", escreveu Dawkins .

No entanto, entre a mensagem e a realidade, há uma grande desconexão. Ao longo do último século, importantes descobertas científicas desafiaram drasticamente o ateísmo baseado na ciência, e duas em particular agora contam uma história decididamente mais favorável a Deus. As descobertas da física sobre a estrutura do universo reforçam essa conclusão teísta. Desde a década de 1960, os físicos têm determinado que as leis e os parâmetros físicos fundamentais do nosso universo são finamente ajustados, contra todas as probabilidades, para torná-lo capaz de abrigar vida. Mesmo pequenas alterações em muitos fatores independentes — como a força da atração gravitacional ou eletromagnética, ou o arranjo inicial de matéria e energia no universo — teriam tornado a vida impossível. Cientistas descobriram que vivemos em uma espécie de "Universo Cachinhos Dourados", ou o que o físico australiano Luke Barnes chama de um "Universo extremamente Afortunado".

Não é de surpreender que muitos físicos tenham concluído que esse improvável ajuste fino aponta para um "ajustador fino" cósmico. Como argumentou o ex-astrofísico de Cambridge, Sir Fred Hoyle , "uma interpretação sensata dos dados sugere que um superintelecto mexeu com a física" para tornar a vida possível.

As descobertas do telescópio espacial James Webb (JWST) entretanto, sao tão surpreedentes que volta-se a falar no Design Inteligente como mola criadora e propulsora do Universo. O conceito propagado por anos, contudo baseou-se na Teoria da BIG BANG, a partir do qual o Universo teria surgido espontaneamente. 

Porquê o infravermelho?

O James Webb irá estudar a luz infravermelha proveniente dos objetos celestes com muito maior claridade e sensibilidade do que foi conseguido até agora. Ao contrário dos comprimentos de onda curtos da luz visível, os comprimentos de onda mais longos da luz infravermelha passam através das poeiras com maior facilidade. Assim, o universo da formação estelar e planetária que está «escondido» por detrás das nuvens de poeira torna-se claro para os instrumentos infravermelhos do James Webb [5].

O estudo da luz infravermelha também nos ajuda a olhar para trás para o princípio de tudo. Através de um processo denominado ‘desvio para o vermelho cosmológico’, a luz é «esticada» à medida que o Universo se expande, logo a luz das estrelas que é emitida nos comprimentos de onda mais custos, como o ultravioleta e a luz visível, é «esticada» para os comprimentos de onda mais longos da luz infravermelha. Para medir a  distancia que uma galaxia está de nós usamos o red shift cosmológico. Quanto maior o desvio para o vermelho, mais distante uma galaxi está de nós. O James Webb é uma combinação melhorada dos telescópios espaciais Hubble e Spitzer – a sensibilidade e resolução do Hubble, mas com a vista do Universo em infravermelho do Spitzer.

A area de captação do JWST é de 25,4 m2, quase 6 vezes mais do que seu precursor, o telescópio Hubble (HST). O limite de observação dos comprimentos de onda do JWST, em micrometros vai de 0,8 ate 26,5 ou seja, uma capacidade imensa de visualização do infravermelho, faixa da luz nao visível a olho nu. Conseguimos, com o infravermelho, visualizarmos objetos que nao conseguiríamos ver com as frequencias da chamada luz visível. Para vermos de forma mais nítida, longinqua e profunda no universo, o melhor é atraves das frequencias do infravermelho [6]. 



Em astronomia, o comprimento de onda da luz associado ao azul é menor que o do vermelho. Quando uma galáxia se afasta de nós, a luz emitida por ela sofre um deslocamento para o vermelho (redshift), onde o comprimento de onda aumenta, fazendo com que pareça mais avermelhada. Se a galáxia se aproxima, ocorre o oposto, um deslocamento para o azul (blueshift), com o comprimento de onda diminuindo e a luz parecendo mais azulada. Assim, se ohamos para o ceu e uma galaxia esta vindo em nossa direção, a luz dessa galáxia estará mais azulada e se estiver se afastando de nós, estará avermelhada (o que é chamado de desvio espectográfico da luz para o vermelho-red shift).


Quando uma estrela aproxima-se do observador em alta velocidade, seu brilho aparenta tornar-se azulado; ao afastar-se, seu brilho fica avermelhado.




O Spitzer foi um dos primeiros telescopios a visualizar o universo utilizando o infravermelho para observar os objetos no espaço. Com o infrvermelho, podemos ver coisas que nao conseguiríamos apenas coms as frequencias da chamada luz visivel. Compare acima como a imagem do James Webb é mais nítida do que a obtida de um mesmo local no espaço em comparação ao Spitzer.

Porquê espectroscopia?

A espectroscopia é uma poderosa ferramenta para aprendermos sobre os objetos mais distantes no Universo. Um espectro, tal como uma imagem, é uma forma de mostrar a luz de um objecto distante. Os espectros podem revelar quais elementos e moléculas fazem parte de determinado objeto. Os espectrógrafos do James Webb alongam a luz para que seja analisada em detalhe para determinar diferentes características, tais como temperatura, composição, densidade, distância e movimento de diferentes partículas. Diferentes moléculas, bem como os átomos de cada elementos, emitem e absorvem frequências de luz características, e estas características permitem a identificação da presença de um determinado elemento, mesmo em pequenas quantidades. Os espectros permitem-nos ler esta luz. O James Webb está equipado com onze modos de espectroscopia, cada um dos quais combina o uso de diferentes filtros e detectores para responder a questões cientificas específicas. O microobturador do conjunto NIRSpec fornece ao James Webb a capacidade de capturas espectros de dezenas de estrelas e galáxias diferentes ao mesmo tempo.

As imagens capitadas pelo JWST até agora mostraram galáxias com elementos químicos impossíveis de existir apenas algumas centenas de milhões de anos após o Big Bang. Esperava-se com base no conhecimento atual, que apenas Hidrogênio e talvez um pouco de Hélio e não elementos metálicos. Esta e outras desconcertantes descobertas trouxeram a tona o debate sobre quando e como foi criado o Universo: se foi criado ou surgiu espontaneamente. Os Criacionistas defendem que o Universo foi criado pronto, perfeitamente funcional e complexo independente de Quem o criou pois não se trata aqui de Religião. Afinal, não cabe a Ciência provar ou determinar quem foi o Criador. Já os Evolucionistas, da geração espontânea, estão agora diante do desafio de formular novas hipóteses pois a do Big Bang está cada vez menos aceita.


CONCEITOS BÁSICOS:

1. Aceleração do Universo: há muito tempo, ficou claro que algo estava errado com as velhas teorias. As discrepâncias na medição das taxas de expansão do universo por si só, deveriam ter despertado os pesquisadores anos atrás. Mas ao invés de interpretarem os avisos corretamente, eles se apegaram a velhas teorias. O fato é que o Universo está se expandindo de forma muito mais célere do que as previsoes atuais previam.

2. Radiação Cósmica de Fundo em microondas (CMB): a CMB é considerada a luz mais antiga do universo, sendo criada 380 mil anos após o Big Bang, quando o  universo esfriou suficiente permitindo que elétrons de H e prótons formassem os átomos de H, fase chamada de reinonização. Trata-se de um resquício de radiação que surgiu nesta época, durante a epoca da recombinação e que preenche ainda hoje todo o Universo. Nesta ocasião o Universo esfriou-se o suficiente para que eletrons e protons formassem de átomos de Hidrogênio, chamado período de reionização. Essa mudança tornou universo permeável a luz. A CMB foi descoberta em 1.964 pelos físicos americanos Arno Penzias e Robert Wilson, que trabalhavam no laboratório Bell em 1965. Eles detectaram um ruído constante e uniforme que vinha de todos os lados do céu em uma antena de rádio. Esta descoberta foi considerada, por anos, como uma das maiores evidencias para a existência do Big Bang ouseja, como se fosse radiação remanescente do Big Bang, a explosão que deu origem ao universo. Penzias e Wilson receberam o Prêmio Nobel de Física em 1978 por essa descoberta. 

3. Universo isotrópico: o universo seria igual em qualquer direção que se olhe ou seja, isotrópico porém o JWST contrariou isso.

NASA, ESA, CSA e STScI

4. O JWST visualizou galáxias muito densas, organizadas e massivas surgindo apenas milhões de anos após o Big Bang, há mais de 13 bilhões de anos. Isso não seria possível se sabemos que elas levam bilhões de anos para se formar. De acordo com o modelo padrão da Cosmologia, as nuvens de gás não teriam se condensado tão até muito mais tarde permitindo que estrelas e galáxias se formassem em massa. Um artigo de 2024 tenta entender isso melhor [4]. De acordo com este novo estudo no Astronomical Journal liderado pela estudante de pós-graduação da Universidade do Texas em Austin Katherine Chworowsky, algumas dessas primeiras galáxias são de fato muito menos massivas do que apareceram pela primeira vez. Buracos negros em algumas dessas galáxias as fazem parecer muito mais brilhantes e maiores do que realmente são. “Ainda estamos vendo mais galáxias do que o previsto, embora nenhuma delas seja tão massiva que 'quebrem' o universo”, disse a autora Chworowsk

A primeira imagem do JWST teve sua estreia na Casa Branca com o presidente Joe Biden, que saudou a divulgação dos dados como "um momento histórico para a ciência e a tecnologia, para a astronomia e a exploração espacial, para a América e toda a humanidade". O instantâneo de abertura ofereceu a visão mais distante do Universo em luz infravermelha, revelando uma panóplia de galáxias no início dos tempos.

O alvo da primeira imagem do Webb foi um aglomerado de galáxias no céu do hemisfério sul chamado SMACS 0723, que fica a cerca de 5 bilhões de anos-luz da Terra. A imagem captura um pedaço do céu repleto de galáxias. "Há galáxias para todos os lados", disse Jane Rigby, Cientista de Operações do Projeto Webb, que falou na NASA TV durante a divulgação da imagem esta manhã [2].

NASA, ESA, CSA e STScI

5. Efeito Doppler: em decorrencia do efeito Doppler, quando uma galaxia se aproxima od observador

PROBLEMAS: 

Galáxias que não deveriam existir: as observações científicas iniciais feitas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST) revelaram um excesso de candidatos a galáxias ultramassivas que parecem desafiar o modelo cosmológico padrão, o modelo Lambda-CDM () [3]. De acordo com tudo o que sabemos, as galáxias precisam de bilhoes de anos para crescer, se fundir e se estabilizar. Elas nao deveriam existir tao pouco tempo após o Big Bang, sendo grandes demais, organizadas demais, perfeitas demais e por isso, os ast^ronomos comentaram que "nao deveriam existir" [7,8].

As observações do JWST revelaram uma infinidade de candidatas a galáxias nesta era. Embora apenas um subconjunto desses candidatos tenha sido espectroscopicamente confirmado até o momento, as descobertas do JWST fornecem um vislumbre intrigante de um Universo altamente ativo durante esta era formativa, com galáxias ultramassivas possivelmente desempenhando um papel significativo. As capacidades de comprimento de onda mais longo do JWST excedem as do Telescópio Espacial Hubble (HST), permitindo medições de luz visível em repouso, além da luz UV. Essa característica torna possível rastrear a massa estelar total em uma galáxia, além de sua taxa de formação estelar, fornecendo insights valiosos em astrofísica e cosmologia em altos desvios para o vermelho (redshift).

  • Identificação de Galáxias com Desvio para o Vermelho Elevado: o JWST descobriu galáxias com um desvio para o vermelho superior a 14 (red-shift), indicando que elas são muito distantes e foram observadas em um período muito distante no passado. O JWST foi feito para explorar pontos mais longinquos do Universo, pois este está expandindo e a medida que isso ocorre os comprimentos de onda sao levados para o vermelho. 
JADES (Imagem NIRCam). Os dados da NIRCam foram usados ​​para determinar quais galáxias seriam estudadas mais a fundo com observações espectroscópicas. Uma dessas galáxias, a JADES-GS-z14-0 (mostrada no destaque), foi determinada como estando em um desvio para o vermelho de 14,32 (+0,08/-0,20), tornando-a a atual detentora do recorde de galáxia mais distante conhecida. Isso corresponde a um período inferior a 300 milhões de anos após o Big Bang. Crédito: NASA, ESA, CSA, STScI, B. Robertson (UC Santa Cruz), B. Johnson (CfA), S. Tacchella (Cambridge), P. Cargile (CfA).

Idade do Universo: as observações do JWST podem levar a revisao da idade predicta do Universo. Isso ocorre por conta da intensidade relativa das linhs espectrais captadas pelo telescópio. Sabemos que cada elemento quimico possui um numero deficnido de linhas e com isso, atraves de equeções, pode-se inferir, conforme o que capta o JWST, quais elementos quimicos compõe um determinado corpo celeste. Na verdade, a intensidade relativa das linhas espectrais observadas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST) é crucial para entender a composição e as propriedades de objetos astronômicos. Essas linhas, que aparecem como picos ou vales no espectro de luz, correspondem a comprimentos de onda específicos onde a luz é absorvida ou emitida por átomos e moléculas presentes no objeto. A intensidade dessas linhas indica a abundância relativa desses elementos ou compostos na atmosfera ou superfície do objeto. 

As observações do JWST percebeu a presença de elementos pesados como o Ferro e o Vanadio que nao poderiam existir tao cedo no Universo se este possuir o que se acreditava: apenas 13,8 bilhoes de anos. A eoria cosmologica atual (Modelo λCDM ou Modelo Lâmbda Cold Dark Matter do Big Bang) diz que o universo possui cerca de 13,7 bilhoes de anos. 

Uma galáxia distante, anormalmente grande e luminosa, chamada JADES-GS-z14-0, foi detectada inicialmente em janeiro de 2024 usando o Telescópio Espacial James Webb, que observa o universo em luz infravermelha invisível ao olho humano.

A luz da JADES-GS-z14-0 levou 13,4 bilhões de anos para chegar ao nosso canto do universo, então Webb e outros observatórios como o Alma, ou o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array no Deserto do Atacama, no Chile, estão vendo a galáxia como ela era quando o universo tinha apenas cerca de 300 milhões de anos. Quando os astrônomos usaram o Alma para dar continuidade às observações iniciais de Webb, eles ficaram surpresos ao descobrir a presença de oxigênio e metais pesados, porque sua presença sugere que as galáxias se formaram mais rapidamente do que o esperado no início do universo.

Sobre as maravilhas descortinadas pelo JWST, o Papa Leão XIV afirmou:

“Não hesiteis em partilhar a alegria e o espanto que nascem da contemplação das ‘sementes’ que, nas palavras de Santo Agostinho, Deus semeou na harmonia do universo.”

Fonte: 

1. https://www.newsweek.com/how-science-stopped-backing-atheists-started-pointing-back-god-opinion-1724448.

2. Iconic Cosmic Images from the James Webb Space TelescopePhysics 2022;15:105.

3. Sabti N, Muñoz JB, Kamionkowski M. Insights from HST into Ultramassive Galaxies and Early-Universe Cosmology. Phys. Rev. Lett. 2024; 132, 061002.

4.  Chworowsky K et al. The Astronomical Journal 2024;168:113.  

5. https://orbita.zenite.nu/o-telescopio-espacial-james-webb/. Acessado em 21-06-25 as 09:10 h.

6. O Telescopio Espacial James Webb: O início do Fim. Adauto Lourenço. Acessado em 21-06-25 as 09:10 h.

7. Witistok J et al. Witnessing the onset of reionization through Lyman-α emission at redshift 13. Nature 2025; 639:897–901.

8Labbé I, van Dokkum P, Nelson E et al. A population of red candidate massive galaxies ~600 Myr after the Big Bang. Nature 2023;616:266–269. 

9. Carniani1 S et al. The eventful life of a luminous galaxy at z = 14: metal enrichment, feedback, and low gas fraction? AAstronomy & Astrophysics 2025;696:A87.