Em nossa prática hospitalar, muitas vezes nos deparamos com pacientes a beira da morte. Falar de Deus e vida eterna, perdão e salvação, cabe nestas horas?
Claro que precisamos ser respeitosos com pacientes ateus e de outras denominações cristãs, porém e se o paciente for católico, como proceder ?
Nosso estimado Bispo, Dom Paulo Francisco Machado, da Diocese de Uberlândia, nos conta que na sua adolescência presbiteral (uma contradição em termos), um velho médico da sua primeira paróquia sempre que atendia um doente nas últimas perguntava: "você é católico?" Em resposta positiva, dizia ao doente: Eu fiz minha parte, agora procure um padre".Quando lhe diziam que isso assustava o moribundo, respondia prontamente: "prefiro um cliente assustado no céu que o susto do inferno". Que saudade do estimado Dr Adão, relembra Dom Paulo.
Dom Paulo nos enviou ainda um texto maravilhoso que, todos nós, cristãos, deveríamos rezar e refletir. Especialmente nós que acompanhamos pacientes nesta derradeira hora.
Estas preces em forma de ladainha, para pedir uma santa morte, foram compostas por uma moça convertida da heresia protestante à religião católica com 15 anos e morta, em odor de santidade, aos 18 anos de idade [1].
O Papa Pio VII as aprovou com um rescriptum de 12 mai. 1802 e o Papa Leão XII, com o decreto confirmativo “Urbis et Orbis”, de 11 ago. 1824.
Súplicas a Nosso Senhor Jesus Cristo para a Hora da Morte
Senhor, meu Jesus Cristo. Deus de bondade e Pai de Misericórdia. eu me apresento a vós com o coração contrito e humilhado para recomendar-vos o meu último suspiro e o que depois dele me espera.
1. Quando a imobilidade dos meus pés me advertir que a minha carreira neste mundo, está prestes a terminar-se, Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.
2. Quando as minhas mãos trêmulas e entorpecidas já não puderem sustentar o crucifixo e a meu pesar, o deixarem cair sobre o meu leito de dor, Misericordioso Jesus, tende piedade de mim.
8. Quando o meu coração, débil, oprimido pela doença, trespassado pelos horrores da morte, se enfraquecer na luta contra os inimigos de minha salvação, benigníssimo Jesus: tende piedade de mim.
9. Quando receberdes, em sacrifício expiatório, minhas últimas lágrimas, a anunciarem a chegada da morte, a fim de que eu expire como vítima de penitência; neste momento terrível, benigníssimo Jesus: tende piedade de mim.
10. Quando os meus pais e amigos se puserem à minha volta, chorando pela minha sorte, e Vos invocarem em meu favor, benigníssimo Jesus: tende piedade de mim.
11. Quando eu for privado de todos os sentidos e vir passar diante de mim a figura deste mundo e, assim oprimido, chegar à hora da agonia, benigníssimo Jesus: tende piedade de mim.
12. Quando os últimos suspiros do meu coração instarem minha alma a que abandone o corpo, sejam-Vos eles um sinal de que quero desprender-me para estar convosco; benigníssimo Jesus: tende piedade de mim.
13. Quando a minha alma, então a fluir-me pelos lábios, disser adeus ao mundo para sempre e deixar-me o corpo pálido, rígido e exânime, recebei a destruição deste corpo em reconhecimento do Vosso supremo domínio; benigníssimo Jesus: tende piedade de mim.
14. Enfim, quando a minha alma comparecer diante de Vós e, pela primeira vez, contemplar o esplendor de Vossa majestade, não a lanceis para longe de vossa face, mas acolhei-me no seio de Vossa misericórdia, para que eu cante os Vossos louvores para sempre; benigníssimo Jesus: tende piedade de mim.
Oração. — Ó Deus, que para o nosso bem nos sentenciastes à morte, mas não quisestes que soubéssemos o dia nem a hora, dai-me a graça de viver justa e piedosamente todos os dias de minha vida, para que eu morra na vossa paz e no vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus, Vosso Filho, que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amém.
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