Estudo publicado na prestigiosa Revista NATURE, em 2023, destaca que o efeito do coração nas emoções permanece um assunto debatido por quase um século.
Neste estudo, Hsueh [2] e colaboradores abordam essa questão, identificando um mecanismo pelo qual o cérebro detecta a frequência cardíaca, e mostrando como isso, por sua vez, controla o comportamento emocional.
A interocepção é a percepção contínua pelo cérebro de sinais internos no corpo, incluindo os respiratórios, sistemas gastrointestinal e cardíaco. Em pessoas que têm transtornos de ansiedade, a sensibilidade a esses sinais internos - especialmente a frequência cardíaca — está alterado. Estudos em animais demonstraram a ligação entre alterações cardíacas e estados emocionais, mas se um aumento da frequência cardíaca contribui diretamente para a ansiedade permaneceu obscuro.
Até agora, apenas a estimulação do nervo vago e farmacologia - todas as quais envolvem grandes efeitos colaterais - têm sido usados para aumentar ou diminuir a frequência cardíaca e avaliar seu efeito sobre emoções. Os pesquisadores carecem de ferramentas com a resolução temporal e espacial necessária para investigar adequadamente os efeitos do coração na taxa de ansiedade.
Hsueh e colaboradores [2] descobriram que aumentos na frequência cardíaca promovem ansiedade relacionada a comportamentos em camundongos, e que isso é mediado através da ativação de estruturas cerebrais específicas estruturas que incluem a ínsula posterior. Este estudo levanta novas perguntas e abre campos de pesquisa. Por exemplo, os circuitos neurais e mecanismos que permitem a ativação da ínsula posterior pela taquicardia — assim como os circuitos que induzem comportamentos de ansiedade - ainda não foram totalmente identificados.
Fonte:
1. Yoni Couderc & Anna Beyeler. How an anxious heart talks to the brain. Nature 2023; 615. https://doi.org/10.1038/d41586-023-00502-6.
2. Hsueh, B. et al. Nature https://doi.org/10.1038/s41586-023-05748-8 (2023).
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