O hipotireoidismo está entre as doenças crônicas mais frequentes em idosos, e a levotiroxina (L-T4) está mundialmente entre os 10 medicamentos mais prescritos na população geral.
O hipotireoidismo é definido por um aumento dos valores séricos do hormônio estimulador da tireoide (TSH) e redução do hormônio tireoide livre circulante, enquanto o hipotireoidismo subclínico (HTs) é caracterizado por frações hormonais livres dentro de faixas normais e foi dividido em duas classes, dependendo dos níveis circulantes de TSH (acima ou abaixo de 10 mUI/L.
A prevalência d hipotireoidismo na população geral varia entre 0,2% e 5,3% na Europa e entre 0,3% e 3,7% nos Estados Unidos, possivelmente em relação a ingestão diferente de iodo.
Os níveis de TSH aumentam com o processo de envelhecimento: na população com mais de 80 anos de idade, o limite superior no intervalo de confiança de 95% foi de 6,0 mUI/L, atingindo 8,0 mUI/L em pessoas com mais de 90 anos (Figura 1).
O uso da terapia combinada com T4 + T3 ainda é ainda motivo de debate.
Uma meta-análise realizada em 1.216 indivíduos e avaliando vários resultados (dor, depressão, fadiga, ansiedade, desempenho cognitivo e qualidade de vida) não encontraram nenhuma diferença entre T4 + T3 e T4 em monoterapia.
O princípio clínico fundamental no caso de deficiência glandular é a terapia de reposição. No caso de hipotireoidismo manifesto, o tratamento de escolha é a reposição do L -T4, também em idosos. Está amplamente demonstrado que a solução do hipotireoidismo leva à melhora de sintomas relacionados (ou seja, fadiga, aumento da sensibilidade ao frio, constipação, pele seca, ganho de peso, rosto inchado, rouquidão, problemas musculares fraqueza, etc.), bem como a melhoria das funções cardiovasculares, executivas e cognitivas.
Deve-se ter cautela no manejo clínico do sHT (hipotireoidismo subclínico), especialmente em pacientes com mais de 75 a 80 anos.
Os resultados de muitos estudos demonstraram que a reposição com L-T4 poderia ser indicada em pacientes com valores de TSH > 0,10 mIU/L, pois apresentam risco aumentado de desenvolver distúrbios de saúde. Ao lado do valor de corte sorológico do TSH, os médicos devem ser aconselhados a decidir caso a caso, especialmente se pacientes têm outros fatores de risco para doenças cardiovasculares e abrangem sinais e sintomas possivelmente associados ao sHT.
O hipotireoidismo é frequentemente observado em idosos, com tendência crescente com a idade.
A tendência “natural” de um ligeiro aumento de TSH foi documentada na população idosa, mesmo em indivíduos sem doenças da tireoide documentáveis, mas um intervalo de referência de TSH relacionado à idade não está disponível ainda.
Assim, vale a pena a realização de uma extensa avaliação tireoidiana em idosos com aumento de TSH circulante, especialmente nos idosos mais velhos, incluindo exames laboratóriais (níveis livres de hormônio tireoidiano e títulos de autoanticorpos antitireoidianos) ou ultrassonografia da tireoide.
Este processo de diagnóstico tem como objetivo avaliar a presença de um problema real na tireoide (tireoidite de Hashimoto, atrofia da glândula, etc.), que pode levar ao diagnóstico de sHT em vez de uma elevação fisiológica de TSH relacionada à idade, embora valores circulantes de TSH < 0,10 mUI/L deve ser considerado clinicamente relevante.
A escolha do tratamento também deve depender da presença de sinais e sintomas clínicos consistentes com hipotireoidismo, bem como comorbidades concomitantes e adesão do paciente.
No entanto, vários dados da literatura alertam o médico para ser extremamente cauteloso no tratamento de pacientes idosos, especialmente os mais velhos idosos (> 80 anos).
No manejo clínico de idosos com HT, não apenas o valor dos pontos de corte do TSH precisam ser considerados, mas também a presença de uma doença tireoidiana real, bem como comorbidades crônicas e fragilidade, devem ser levadas em consideração.
A boa prática clínica implica a prescrição de L-T4 caso a caso, cuidadosamente ponderada pelo risco de excesso de medicação (por exemplo, ingestão excessiva do medicamento como resultado de erros na administração, não titulação adequada da dosagem no início do tratamento, etc.).
Em qualquer caso, a dosagem de L-T4 deve ser titulado começando de 0,3 a 0,4 mg/kg/d, com incrementos de 10% a 15% após 6 a 8 semanas, se necessário, e o valor alvo ideal de TSH deve ser; 2,5 a 3,5 mIU/L.
Fonte: Hypothyroidism in the Elderly: Who Should Be Treated and How? Journal of the Endocrine Society 2018;3(1): 146-158.